Análise da Situação de Saúde

Guia para análise de situações de saúde da população idosa no Brasil a partir do SISAP-Idoso

Introdução

Para o processo de planejamento e tomada de decisão em saúde conhecer as condições de saúde e vida da população é essencial. A informação de qualidade cumpre papel fundamental na construção desse conhecimento, principalmente aquelas oriundas de fontes confiáveis e seguras.

O SISAP-Idoso foi desenvolvido com o propósito de oferecer uma ferramenta para a gestão do SUS que permita ao mesmo tempo conhecer a situação de saúde da população idosa e estabelecer processos contínuos de acompanhamento. A proposta do sistema é que, por um lado, o planejamento adequado de ações de saúde só é possível quando o gestor conhece a situação de saúde, ou seja, as principais características e problemas, de saúde de sua população. Por outro, a sua eficiência e eficácia dependem de acompanhamento da implementação e dos resultados dos programas por meio de indicadores.

A Análise de Situação de Saúde disponível no Sistema tem como objetivo simplificar o trabalho e compreensão do gestor sobre as características de saúde da população idosa de seu território. Alguns indicadores essenciais para a construção no perfil de saúde da população idosa são selecionados e apresentados por meio de um relatório de fácil leitura.

Os indicadores de saúde são medidas-sínteses, quantitativas, que contêm informações relevantes sobre determinados atributos e dimensões do estado de saúde de uma população. Cada indicador no SISAP-Idoso foi agrupado por dimensão dentro da Matriz Conceitual por Dimensões de Saúde do sistema (matriz de indicadores). Para construção da Matriz de indicadores partiu-se da concepção ampla de saúde na qual inclui-se aspectos sociais, econômicos, de serviços de saúde, morbidade e mortalidade, funcionalidade entre outros.

A análise dos indicadores de cada dimensão traz informações que auxiliam o entendimento das demandas que devem ser priorizadas pelos gestores no seu processo de programação e desenvolvimento de ações de saúde. No entanto, a quantidade e diversidade de indicadores disponíveis no Sistema pode dificultar o trabalho de seleção, principalmente para gestores sem conhecimento técnico.

Por este motivo, o SISAP-Idoso apresenta uma proposta de análise de situação de saúde com por meio de indicadores previamente selecionados e calculados a partir dos grandes sistemas de informação em saúde, censo demográficos e inquéritos populacionais, todos de livre acesso. Os indicadores selecionados apresentam uma proposta geral e inicial que pode orientar gestores a desenvolver suas próprias análises para suas realidades específicas.

Dimensões para análise da situação da saúde da população idosa

O SISAP-Idoso se estrutura a partir da seguinte Matriz Conceitual por Dimensões de Saúde, proposta como eixo estrutural do sistema e forma para facilitar a compreensão sobre cada atributo dos indicadores.

 DEMOGRAFICA

Esta dimensão pretende responder a questão “Como se estrutura minha população?” Responder perguntas como “Quantos idosos residem no território?” ou “Quão envelhecida é minha população?”, é estratégico para organizar serviços e promover ações de saúde. Por exemplo, a proporção de idoso em uma população nos dá informações do quanto os idosos representam quantitativamente. O que nos permite pensar nos serviços que precisam ser oferecidos e em que magnitude.

AMBIENTAIS, SOCIOECONOMICA E FAMILAR

“Em que condições vivem os idosos?” A partir desta resposta podemos dimensionar qual a situação de vida da população idosa no que se refere a renda, a escolaridade, condições de residência, a suporte familiar etc. Essas informações são preciosas para planejarmos de ações de saúde e identificação de vulnerabilidade. Por exemplo, saber se a população idosa sabe ler e escrever é importante ao propor ações de promoção da saúde, para decidirmos qual estratégia é mais eficiente, exemplo, produzir cartazes /folhetos ou investir comunicação oral e visual.

COMPORTAMENTAIS

“Quais os hábitos de vida dos idosos?” Conhecer os principais hábitos de vida da população idosa, principalmente aqueles que são consensualmente reconhecidos como fatores de risco para doenças é estratégico para a gestão.

Por exemplo, o tabagismo é um fator de risco elevado para doenças do aparelho respiratório, importante causa de óbito de idosos. Distinguir a magnitude desse hábito na população pode orientar investimentos em campanhas e serviços para redução do tabagismo, podendo representar um ganho significativo na qualidade de vida da população.

FUNCIONALIDADE E AUTO AVALIAÇÃO DA SAÚDE

A capacidade funcional e o bem-estar são conceitos especialmente importante quando pensamos saúde do idoso. O envelhecimento biológico traz consequências importantes no sistema psicomotor, não raras são as perdas ou limitações das capacidades funcionais das mais básicas os mais complexas.  Conhecer o estado funcional dos idosos de uma população é estratégico para organização de serviços e ações de saúde. Por exemplo, caso em sua população de interesse haja uma proporção elevada de idosos com limitações para caminhar as estratégias de saúde terão que velar em conta essa limitação, articular ações para facilitar o transporte dos idosos ou organizar a rede de atenção domiciliar nesse caso torna-se fundamental para que os serviços de saúde chequem a essa população.

MORTALIDADE

“Do que morre a população idosa?” Esta talvez seja a pergunta mais clássica quando pensamos em estudar a situação de saúde da população. De fato, conhecer as causas de mortalidade de uma população nos informa muito sobre as condições de vida e saúde dela. A partir da observação das principais causas de morte podemos organizar a assistência para reduzir óbitos e assim permitir ganhos na expectativa de vida da população. Por exemplo, ao identificar que na sua população de interesse óbitos por infarto são significativos pode-se pensar em estratégias para identificação a parcelas da população idosa de alto risco para infarto e promover ações de prevenção que possam reduzir essas mortes, além de realizar ações de promoção da saúde voltadas a toda a população que valorize medidas de proteção contra doenças do aparelho cardiovasculares, como práticas de atividade física orientada, dieta etc.

Óbitos evitáveis: Classificamos como óbitos evitáveis aqueles que poderiam ser impedidos por meio de ações de saúde me diferentes níveis, seja por medidas de prevenção ou de tratamento de agravos. Sabemos que com o avanço das ciências da saúde possibilitou a eliminação e o controle de diversos agravos que muitas vezes representavam perigo de morte as populações humanas. Seja por meio das vacinas ou medicamento como antibióticos, que revolucionaram a forma que tratamos as doenças infecciosas, ou seja, por avanços em técnicas cirúrgicas, próteses ou transplantes podemos evitar a morte por determinadas causas na população. Identificar óbitos evitáveis pode apontar para falhar possíveis de serem corrigidas no sistema de saúde.

MORBIDADE

“Do que adoecem os idosos?” Para responder essa pergunta precisamos conhecer quais as doenças que acometem a população de idosos, especialmente aquelas que levam aos serviços de saúde de emergência, ambulatórias e hospitalização. A morbidade por ser analisada tanto no que se refere nas doenças prevalentes na população quanto na morbidade hospitalar, ou seja, aqueles que mais são motivos de hospitalização. As duas análises permitem que ações de controle de doenças e agravos possam ser realizadas.

Por exemplo, conhecer as principais causas que levam idosas a serem internados representa informações estratégica tanto para organização dos serviços hospitalares, para melhor atender, como para a gestão no sentido de orientar o planejamento de ações e serviços de sua rede. Por exemplo, se observamos que doenças hipertensivas são as principais causas de hospitalizações na população podemos organizar a rede de atenção para melhor assistir aos idosos, tanto primária no sentido de prevenir quanto secundária com objetivo de tratar os casos mais agudos.

Internações sensíveis a atenção primária: classificamos como internações evitáveis aquelas que poderiam ser evitadas por uma adequada e oportuna pelo nível primário de atenção a saúde. Descontrole de doenças crônicas e infeciosas geram internações e complicações a saúde da população por falha a seja no acesso ou na qualidade da assistência dado nos níveis ambulatórias. Podemos pegar como exemplo alta proporção de internações por descontrole da diabetes, uma efetiva atenção as pessoas com diabetes reduziria complicações e eventuais internações mantendo assim maior parte possível dos portadores de diabetes controlado por meio de atenção ambulatorial de rotina.

SERVIÇOS DE SAÚDE

Conhecer os equipamentos, recursos humanos e estrutura instalado disponível para atendimento da população idosos é ponto mestre para organizar a rede de serviços para atender essa população. A partir dessa análise será possível planejar quais serviços precisam ser ampliados e quais precisam ser reorganizados no território para atender as demandas de saúde de forma organizada e efetiva.

Sugestão de indicadores para análise de situação da saúde da população idosa

A partir da matriz de dimensões proposta pelo SISAP-idoso podemos selecionais alguns indicadores que auxiliam na análise da situação de saúde de uma maneira geral. A seguir selecionamos alguns indicadores por dimensão que podem orientar a construção do conjunto inicial de indicadores para análise da situação da população.

Demográficos

Esperança de vida aos 60 anos

Índice de envelhecimento da população

Proporção de idosa 

Ambientais, Socioeconômicos e familiar

Proporção de idosos que vivem em domicílios adequados

Proporção de idosos em situação de pobreza

Índice municipal de vulnerabilidade sociofamiliar (disponível apenas municípios)

Auto avaliação da saúde e funcionalidade

(disponível apelas na UR, Região e Brasil)

Proporção de auto avaliação da saúde boa ou muito boa

Proporção de idosos com alguma

Mortalidade

Taxa de mortalidade por grupos de causas

Taxa de mortalidade por grupo de causas evitáveis

Morbidade

Taxa de internação por grupos de causas

Taxa de internação por grupo de causas evitáveis

Prevalência de doenças crônicas não transmissíveis

Serviços de saúde

Cobertura do Programa de Saúde de Família

Número de Médico por habitante

Número de Geriatra por habitante